O mundo financeiro permite que os diversos intervenientes no mercado estejam expostos a uma enorme variedade de ativos mobiliários através de um conjunto de veículos financeiros, tais como os fundos de investimento. Normalmente, o objetivo de investir num fundo de investimento é o de obter um retorno que, depois de retiradas as comissões associadas, seja superior ao seu benchmark (índice de referência). De outro modo, qualquer investidor racional dirigirá o seu capital para um instrumento que apenas replique o comportamento do índice a custo baixo, como é o caso de um ETF (Exchange-Traded Fund).

 

Na pesquisa de determinado fundo, existe um conjunto de variáveis/estatísticas que se deve ter em conta. Todavia, alguns desses pontos acabam por ser negligenciados na tomada de decisão na medida em que existe uma tendência de simplificação, isto é, incidir apenas sobre o historial de sucesso do gestor do fundo. Entre este e outros erros que devem ser evitados, destacamos os seguintes:

 

Em qualquer documento de informação fundamental ao investidor aparece a seguinte expressão: “Rentabilidades passadas não são garantia de rentabilidades futuras”. Apesar de ser uma constatação óbvia, existe uma tendência quase intuitiva de nos focarmos nesta variável. Ora, se o gestor já provou ser bom no passado, por que razão não o será no futuro? Infelizmente, a realidade demonstra-nos que a probabilidade de encontrar gestores que consigam superar de forma sistemática o seu índice de referência é inferior a 10% num período superior a 5 anos. Este aspeto pode ser justificado pela teoria da reversão para a média onde se afirma que empresas com retornos elevados atraem competição que, por sua vez, diminui os resultados das empresas que já existem no mercado. Como consequência, a cotação da ação acaba por, ao longo do tempo, refletir esse evento (queda das ações).

 

 

A escolha deve ser realizada de acordo com os objetivos que se pretendem atingir. Um fundo de ações, por exemplo, é considerado arriscado pela sua natureza de maior volatilidade, porém, se o horizonte temporal é de vários anos, talvez seja a escolha mais acertada. Se optarmos por outra classe de ativos como obrigações ou liquidez, o objetivo de investimento poderá ser diferente. O importante a reter é que metas de curto (longo) prazo devem ser preenchidas por instrumentos financeiros também de curto (longo) prazo.

 

Qualquer fundo tem uma finalidade cujo gestor tem o dever de respeitar, e que está incluído em documentos como a Factsheet e o KIID (Documento de Informação Fundamental ao Investidor). As linhas de pensamento do investidor e do gestor devem estar alinhadas. Para facilitar, existem determinadas expressões que aparecem frequentemente em fundos com certas características. A título de exemplo, num fundo de ações, é comum ver-se na descrição da política de investimento a seguinte expressão: “Gerar apreciação de capital a longo prazo”. Aliás, até observamos outra nota referente ao período de investimento recomendável: “superior a 3 anos”. No entanto, apesar da pertinência destes princípios elementares, revelam-se ainda assim insuficientes para conhecer com rigor a política seguida pelo fundo/gestor.

 

 

De um modo geral, os investidores detêm em carteira mais do que um fundo de investimento. Como tal, o carácter de diversificação não estará presente se esses fundos detiverem os mesmos ativos em carteira. Ou seja, a subscrição de vários fundos não implica necessariamente maior diversificação para o portfólio. É crucial decompor o mesmo para perceber o seu cerne e, assim, evitar maior risco, sem que o investidor esteja ciente desse facto.

 

 

A taxa global de custos é deduzida na rentabilidade do fundo e inclui a comissão de gestão, a comissão de depósito, a taxa de supervisão e outros custos operacionais, sendo que exclui os custos de transação. A longo prazo apresenta um elevado impacto na rentabilidade da carteira.

Tal como afirmou Warren Buffet: “o desempenho vai e vem. As comissões nunca desaparecem”.

 

 

 

Conclusão

Sugerimos que esta checklist seja analisada com cuidado antes de decidir alocar o seu capital.

Os fundos de investimento são uma boa forma dos investidores construírem a sua carteira, mas não estão completamente isentos de riscos.

A fim de garantir que se escolhe o instrumento correto, os investidores devem prestar atenção ao cumprimento da sua política de investimento, aos procedimentos de gestão de risco, ao posicionamento histórico para verificar coerência, e à causa da performance para averiguar se os retornos passados são resultado de gestão ativa ou incremento de risco.