in Jornal de Negócios , 22/02/2019

"A gestora de patrimónios está a alargar a oferta de soluções de poupança, com o objetivo de chegar a outro tipo de aforradores, num momento em que os produtos para a reforma são cada vez mais populares entre os investidores.

 

Num momento em que cada vez mais portugueses direcionam a sua poupança para planos poupança-reforma (PPR), a Golden Wealth Management decidiu comprar a Sociedade Gestora de Fundos de Pensões (SGF). A aquisição tem como objetivo captar mais poupança, alargando a sua oferta a produtos para a reforma destinados a clientes particulares. E António Nunes da Silva, CEO da Golden Wealth Management, não descarta novas aquisições no futuro.

 

A Golden acaba de assumir uma posição de controlo na SGF, passando a deter 56,8% do capital da entidade. "Esta aquisição insere-se na nossa estratégia de, não só alargar a oferta de produtos na ótica do investimento, mas também expandir o negócio para o universo da poupança", explicou António Nunes da Silva, em entrevista por email ao Negócios.

 

 

O reforço da posição na gestora especializada na comercialização de produtos para a reforma vai alargar a oferta de soluções da Golden.

 

"Com a concretização desta operação, a Golden irá alargar o leque de oferta aos clientes a novas soluções de poupança", justifica o CEO da Golden, sociedade especializada na gestão de patrimónios. O líder da entidade acredita que há margem para aumentar os volumes de poupança dos portugueses e procura captar precisamente parte desse património. "Em 2018, a taxa de poupança das famílias portuguesas bateu mínimos históricos. O que pretendemos é ajudar a inverter esta tendência negativa, sensibilizando os cidadãos para a importância de poupar através de soluções inteligentes e ajustadas aos seus perfis", explica.

Enquanto a Golden oferece soluções de investimento destinadas à gestão de património, ou seja, para montantes mais elevados, os produtos da SGF estão disponíveis para valores muito reduzidos. As subscrições mínimas dos fundos de pensões e PPR comercializados pela SGF são de apenas 50 euros, se foram realizadas pelo sistema de débito direto, havendo uma periodicidade mensal, trimestral, semestral ou anual, segundo as fichas de informação fundamental ao investidor divulgadas pela gestora. Já nas restantes subscrições não há um mínimo de investimento.

"Através desta aquisição iremos consolidar o nosso papel de parceiro sólido e credível dos clientes e das suas decisões de investimento, abrangendo uma temática que nos move e inspira: a poupança e a preparação do futuro, impactando positivamente a vida dos nossos clientes", acrescenta António Nunes da Silva. O responsável salienta ainda que os produtos comercializados pela SGF com objetivo de complementar o valor da pensão são soluções que "devem fazer parte do património de qualquer cliente, que tenha a preocupação com o futuro, com a reforma, mas também corno veículos essenciais de poupança para os eventos, previstos ou não, de todo o ciclo de uma vida".

Após esta aquisição, António Nunes da Silva não coloca de lado a realização de novos negócios para alargar a sua oferta de soluções de poupança. "Continuamos atentos à evolução dos mercados e das instituições que neles atuam, pelo que eventuais situações poderão ser analisadas caso se mostrem interessantes e contribuam para satisfazer as necessidades dos nossos clientes", remata.

 

 

"Investidores não devem entrar num pessimismo extremo"

 

O CEO da Golden, António Nunes da Silva, mantém uma visão otimista para 2019. Ainda assim, realça que, após as quedas de 2018, é normal haver investidores mais apreensivos.

 

O último ano foi muito negativo para a generalidade dos ativos. Como é que este desempenho afetou a postura dos investidores?

É normal os investidores sentirem-se apreensivos, pois 2018 foi um ano surpreendente pela negativa e transversal a 90% das classes de ativos a terminarem o ano com rendimento negativo. O que queremos transmitir é que devemos manter uma visão de médio longo prazo. Em janeiro, os mercados financeiros já recuperaram entre 40% a 60% das perdas registadas no ano de 2018. A volatilidade veio para ficar. O mais importante é saber trabalhar com essa volatilidade, ajustando as carteiras com uma gestão ativa e não entrar num pessimismo extremo que possa levar a decisões mais emocionais e menos racionais.

 

Que estratégias estão a recomendar aos clientes?

Grande parte dos investidores têm o seu património repartido entre património financeiro e imobiliário.

 

 

2019 pode ser um ano positivo para os mercados financeiros? Onde identifica melhores oportunidades?

Em termos de grandes classes de ativos, as ações oferecem, à entrada de 2019, um claro binómio entre risco e retorno mais interessante. Uma vez que o nosso cenário central é o de uma não recessão, não prevemos uma queda nas vendas e nos resultados na generalidade das empresas/setores pelo que a queda dos preços das ações que ocorreu em 2018 só contribuiu para tornar esta classe mais atrativa.

 

 

E quanto às obrigações?

Em contrapartida, as obrigações do tesouro dos países europeus mais relevantes não oferecem, aos atuais níveis de taxas, uma rentabilidade aceitável e oferecem um risco de correção em preço não despiciente. Nas classes de dívida, acreditamos que existe valor em algumas obrigações de empresas bem como de alguns mercados emergentes, mas nestas classes exige-se uma grande seletividade e escolha criteriosa devido aos acrescidos riscos de incumprimento.

 

 

Em termos de atividade, como é que correu 2018?

O crescimento do novo negócio na Golden foi em 2018 superior a 2017, quer em termos de volume, quer em novos clientes. No final de janeiro de 2019, o volume de ativos sob gestão ascendia a 1.200 milhões de euros.

 

 

INVESTIMENTO

PPR gerem mais de 18 mil milhões de euros

 

Os Planos Poupança-Reforma têm sido eleitos pelos portugueses, nos últimos anos, como um dos veículos de aforro mais populares, num ambiente de rendibilidades cada vez mais baixas. Só no último ano, os PPR sob a forma de seguros captaram mais de 3.500 milhões de euros. Já os fundos PPR consolidaram-se como uma das maiores categorias em termos de quota de mercado. No total, têm sob gestão mais de 18 mil milhões de euros.

As novas contribuições para os seguros PPR atingiram os 3.500 milhões de euros em 2018, um montante que supera em 55,5% o valor que entrou nestes produtos de poupança um ano antes, segundo os números da Associação Portuguesa de Seguradores (APS). Após este forte volume de entradas, os portugueses passaram a de ter 16 mil milhões de euros em PPR Já os fundos não conseguiram escapar à tendência de saídas que dominou a indústria, tendo registado um volume de resgates de 21,5 milhões.

Apesar das subscrições negativas registadas no último ano, os PPR são a terceira maior categoria em termos de investimento, com 2.148,6 milhões investidos nestes produtos. Contas feitas, entre seguros e fundos, os portugueses têm mais de 18 mil milhões de euros em PPR.

Além de apresentarem um potencial de retorno mais elevado do que outros produtos de poupança, como os depósitos a prazo, os PPR dispõem de uma fiscalidade mais favorável. Quem mantiver o investimento por um prazo inferior a cinco anos paga uma taxa de 21,5% sobre as mais-valias, um imposto que baixa até 17,2%,%, para quem detenha um PPR por período entre cinco e oito anos, e 8,6%, para prazos superiores a oito anos. Aos benefícios fiscais junta-se ainda a possibilidade de abater parte do investimento na fatura do IRS.2

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