Os preços do gás e eletricidade dispararam este ano, com a situação de escassez de disponibilidade de gás a coincidir com uma forte procura por parte das economias em recuperação da pandemia Covid-19. O principal referencial de preço de gás natural na Europa, o terminal holandês TTF, está a transacionar a um valor de energia equivalente a $169/barril de petróleo.
Nas últimas semanas os preços da eletricidade dispararam para novos recordes não só na Europa, mas também na Ásia e nos EUA. A crise energética que está a afetar a China não se prevê que possa estar solucionada antes do final do ano. A maior província económica da China alertou para frequentes quebras de energia, apesar dos esforços do governo em aumentar a produção de carvão e fazer a gestão do consumo de eletricidade pela indústria. A crise energética que está a levar à escassez de combustíveis e cortes de energia em vários países, veio evidenciar a dificuldade que a economia global tem em se desligar dos combustíveis fósseis, numa altura em que os líderes mundiais tentam juntar esforços para combater as alterações climáticas.
A União Europeia está a tentar tomar medidas para contrariar a atual tendência, havendo já em cima da mesa uma proposta para compra conjunta de gás natural. A Comissão Europeia está prestes a publicar um conjunto de medidas que os países membros podem utilizar para responder aos disparos dos preços da energia, numa resposta aos pedidos de ajuda de muitos países tendo em conta a atual situação de preços de gás e eletricidade. Já alguns países responderam com medidas a nível nacional tais como limites de preço de venda e reduções temporárias nos impostos que incidem sobre combustíveis e eletricidade. Nem todos os países concordam que a resposta tenha que ser dada a nível conjunto. A Alemanha e Países Baixos alertaram contra as consequências perigosas de uma intervenção no mercado, enquanto a Bélgica afirmou que duvida que a decisão de compra de gás conjunta possa resolver alguma coisa. A Comissão Europeia acredita que no longo prazo, a defesa mais eficaz para combater este problema é aumentar ainda mais a parcela de produção através de renováveis e reduzir a exposição dos países à flutuação internacional dos preços dos combustíveis importados.
Recentemente a gigante russa Gazprom começou a usar reservas para injetar mais gás na rede de forma a estabilizar os preços. O ministro russo dos negócios estrangeiros rejeitou a acusação de que a Rússia está a reter gás para o mercado europeu. Um grupo de parlamentares europeus pediu à Comissão Europeia para investigar o papel da Gazprom nesta subida de preços do gás, afirmando que o comportamento levanta dúvidas de manipulação de mercado nuomenm esforço de pressionar a Europa a acelerar o processo de autorização de envio de gás através do Nord Stream 2 que liga a Rússia diretamente à Alemanha sem passar pela Ucrânia. Quer a Gazprom quer o Kremlin negaram tais acusações.
Entretanto o Brent subiu acima dos $84/barril para perto de máximos de três anos. Os elevados preços do gás natural estão a encorajar que alguns países usem produtos refinados do petróleo para produção de eletricidade, levando assim a um aumento anormal da procura numa altura em que a OPEP e os seus aliados como a Rússia continuam a libertar a sua capacidade de produção suspensa na altura da pandemia, de uma forma gradual e lenta.
Preços spot de eletricidade na Europa
Preços mundiais de gás natural