O petróleo teve uma forte subida na última semana, levando o Brent a disparar para os $61/barril. Este nível é relevante, uma vez que antes da pandemia os $60-$65/barril eram considerados o nível de equilíbrio deste mercado, pelo que neste caso podemos afirmar que a recuperação, no que respeita a preços, estará concretizada por completo.

Há, no entanto, que ter consciência que, esta recuperação decorre, sobretudo, de cortes voluntários na produção da OPEP em conjunto com a Rússia, superiores a 7 mbd. O consumo, apesar de ter recuperado, está ainda muito longe dos níveis observados há um ano, como é possível ver nos gráficos abaixo.

 

 

Ainda esta semana a agência de energia dos EUA reviu em baixa o crescimento do consumo global de petróleo em 2020. Há, porém, uma grande convicção por parte de muitos operadores de que a partir do segundo semestre, a vacinação resolverá quase definitivamente os problemas da pandemia e que o consumo de combustíveis tenderá mais rapidamente para os níveis considerados normais antes da pandemia.

Tal significa que a recuperação a que se assistiu até agora foi sobretudo conseguida com base numa análise macro, e não tanto por elementos de oferta/procura de petróleo. Há sempre o risco de se repetir o sucedido no segundo semestre de 2018, quando os dados da procura começaram a não bater certo com a expetativa transmitida pela enorme posição compradora especulativa, e os preços entraram em colapso.

 

 

De qualquer forma, convém salientar que, a atual posição especulativa compradora está em cerca de metade da posição que se verificava no primeiro semestre de 2018, pelo que há ainda muito espaço para a entrada de novos participantes que, entretanto, poderão levar os preços ainda mais para cima.

Em resumo, no curtíssimo prazo assistimos a uma clara tendência de alta do petróleo, e é provável que a subida não se fique por aqui. O mercado poderá, no entanto, ficar suscetível a correções significativas caso os números do consumo não venham a evoluir no sentido pretendido ao longo dos próximos meses, ou caso os principais produtores (OPEP, Rússia e EUA), revejam a sua política de cortes.