A última semana foi marcada por um desempenho positivo nos mercados financeiros, com as ações e as obrigações a registarem ganhos. No entanto, as matérias-primas, de um modo geral, mostraram fraqueza, com exceção do ouro, que alcançou novos máximos históricos, ultrapassando a marca dos $2700 por onça. Este movimento do ouro reflete a sua posição como ativo de refúgio, em meio a um cenário global ainda incerto.

Destaques da semana:

BCE Corta Taxas de Juro pela Terceira Vez

Destaques da Semana_Ouro em Máximos Históricos e BCE Corta Taxas de Juro (2)

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou o terceiro corte nas suas taxas de juro de referência neste ciclo de flexibilização monetária, reduzindo-as em 25 pontos base, tal como era amplamente esperado pelos mercados. Este corte reflete as preocupações do BCE quanto à desaceleração da economia na Zona Euro, embora o banco tenha sinalizado que a inflação está a convergir para o seu objetivo de médio prazo. Com o panorama económico ainda incerto, os analistas preveem que o BCE possa efetuar uma nova redução das taxas de juro na reunião agendada para o dia 12 de dezembro.

Eleições nos EUA: Trump Ganha Força

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Com as eleições presidenciais dos EUA a poucas semanas de distância, a probabilidade de uma vitória de Donald Trump aumentou. Curiosamente, essa possibilidade não abalou os mercados financeiros, com o dólar a mostrar força nas últimas semanas. Esse desempenho foi impulsionado pelo aumento do diferencial entre as taxas de juro do dólar e do euro, bem como pelas projeções eleitorais favoráveis a Trump, o que gerou um sentimento de estabilidade nos mercados cambiais e de ações.

China e Plano de Estímulo Económico

A China apresentou mais detalhes sobre o seu plano de estímulo económico, com foco no setor imobiliário. Embora essas medidas visem impulsionar a economia chinesa, a resposta dos mercados foi moderada, demonstrando que ainda há necessidade de mais clareza sobre as políticas do governo. A economia global continua a ser influenciada pela lenta recuperação da China, afetando especialmente empresas com grande exposição a este mercado.

 

CLASSE DE ATIVOS:

Destaques da Semana_Ouro em Máximos Históricos e BCE Corta Taxas de Juro

Obrigações
Os últimos dias foram marcados pelo terceiro corte de taxas de juro deste ciclo por parte do Banco Central Europeu, o que era já amplamente esperado, tendo o mercado obrigacionista vindo a registar mais uma semana positiva. O segmento da dívida soberana voltou a liderar este movimento, numa altura em que os prémios de risco corporativos continuaram a diminuir e, desta forma, voltaram a impulsionar o sentimento dos investidores. As taxas de juro do dólar contrastam cada vez mais com esta dinâmica e a sua crescente atratividade relativa continua a pressionar a dívida emergente, que, ainda assim, registou uma semana positiva.

Mercados Acionistas
A semana passada foi positiva para a generalidade dos mercados acionistas. A maior visibilidade quanto ao calendário e magnitude dos estímulos chineses reforçou o otimismo, com destaque para os mercados emergentes. A ocidente, a agenda continua a ser dominada pela época de apresentação de resultados. Nos EUA, o setor financeiro tem apresentado bons resultados, mostrando resiliência e crescimento. Entretanto, na Europa, empresas com maior exposição ao mercado chinês continuam a desiludir, com resultados abaixo das expectativas, refletindo a recuperação mais lenta do que o esperado na economia chinesa.

Commodities
O índice de commodities registou perdas em quase todas as suas componentes. A importante exceção continua a ser o ouro, que renovou máximos históricos. O petróleo recuou mais de 8% depois de nova revisão em baixa do consumo em 2024 por parte de algumas organizações relevantes. A ausência de ataques de Israel ao Irão e dados fracos do consumo de petróleo pela China, ajudaram na queda. Os preços do gás nos EUA perderam mais de 13%, dadas as perspectivas de pouco consumo nas próximas semanas. Os produtos agrícolas recuaram, com a aceleração da colheita nos EUA e tempo favorável para sementeiras no Brasil.

Forex
O dólar voltou a registar uma semana bastante positiva, beneficiando do ajustamento de expectativas relativamente à atuação dos diversos bancos centrais nos próximos meses. O BCE cortou as taxas de referência, o que era esperado, mas significa um acelerar do ritmo de descida dos juros. Aliás, foi a primeira vez em 13 anos que o BCE cortou em reuniões consecutivas. O Eur/Usd recuou até $1,0810, níveis que não eram vistos desde 2 de agosto. A libra também valorizou face ao euro, para máximos de dois anos e meio, também devido à percepção de que o BCE irá cortar mais as taxas de juro do que o Banco de Inglaterra.

Conclusão

A semana foi amplamente positiva para as ações e as obrigações, apesar do recuo nas matérias-primas, com o ouro a destacar-se como exceção, ao renovar máximos históricos. As decisões do BCE e as projeções eleitorais nos EUA continuam a influenciar significativamente o sentimento dos investidores, enquanto o plano de estímulo económico da China ainda precisa de mais clareza para ter um impacto mais expressivo nos mercados. Com o aproximar das eleições presidenciais nos EUA e a possível nova redução de taxas na Zona Euro, o cenário económico global permanece em constante transformação.