Quebrando uma longa série de meses de ganhos, setembro foi claramente negativo para as principais classes de ativos (ações e obrigações).

Contudo, como ficaram os mercados no cômputo de todo o 3º trimestre?

O trimestre foi caracterizado, particularmente na sua parte final, por uma intensificação da volatilidade nas bolsas, mas, na realidade, os mercados acionistas europeus e americanos terminaram o trimestre praticamente como o começaram! Ou seja, o mês de setembro de 2021 foi o pior mês para as bolsas desde a hecatombe de março de 2020 (no início da pandemia), mas as quedas limitaram-se a apagar os ganhos conseguidos nos 2 meses imediatamente anteriores.

 

Histórico de rentabilidades anuais de vários índices, por geografia e por estilo

Fonte: J.P. Morgan Asset Management

 

.No global do trimestre observou-se a continuação da outperformance do estilo growth face ao estilo value, mas deverá ser destacada a inversão acentuada desta realidade nas últimas sessões do trimestre (situação que continua nestes primeiros dias de outubro) com as ações de setores tipicamente value (como financeiras e petrolíferas) a registarem um desempenho excecional num contexto de correção forte nas principais cotadas tecnológicas.

Os mercados chineses foram os que mais deram que falar nos últimos meses. Numa primeira fase, devido às medidas tomadas pelo governo chinês para “domar” os gigantes tecnológicos do país e, numa segunda fase, devido aos receios do impacto nos mercados e na atividade económica chinesa do colapso da Evergrande .

O abrandamento dos indicadores de atividade industrial chinesa e o aumento acentuado dos preços da energia (particularmente do gás natural e da eletricidade) nos mercados internacionais contribuíram para aumentar os receios dos investidores.

Por fim, destaque, pela positiva, para o mercado japonês. Após a demissão do antigo primeiro-ministro japonês, o principal partido japonês prontamente apontou Fumio Kishida como substituto, notícias bem recebidas pelos mercados. O TOPIX fechou o trimestre com uma subida de 5,3%.

Olhando agora para o mercado da dívida, o principal destaque vai para a subidas das yields na curva do tesouro americano, justificada pelas declarações do presidente da FED, Jerome Powell, que deu a entender que a redução de estímulos monetários (tappering) poderá mesmo começar já em novembro. Esta tendência é já visível nas outras geografias desenvolvidas, estando os respetivos bancos centrais a dar passos no sentido da normalização da política monetária e da retirada dos estímulos extraordinários implementados durante a pandemia.

 

 

Histórico de rentabilidades anuais por tipo de Dívida e geografia

Fonte: J.P. Morgan Asset Management

 

Como tal, e para os próximos meses, a tendência parece inequívoca de yields em tendência ascendente, desde que a atividade económica não sofra novo abalo.

Por fim, a classe que mais se destacou no trimestre em análise: as matérias-primas. O Índice de commodities da Bloomberg registou uma subida de 6.6% no trimestre (5% só em setembro) e acumula no ano um ganho de 29,1% (em USD), o maior ganho dos últimos 42 anos!

Para concluir a análise ao trimestre, destaque para a atividade registada no mercado de fusões e aquisições (M&A) e de novas empresas a serem colocadas em bolsa (IPOs).

No 3º trimestre de 2021, globalmente, consumaram-se operações de M&A que ultrapassam os USD 1,5 biliões, mais 38% que no período homólogo e estabelecendo um novo trimestre recorde. E, em termos de IPOs em 2021 já ocorreram mais de 770, cerca de 3x mais que a média dos últimos 10 anos!