Apesar de marcado por diversos episódios que originaram instabilidade e aumento da volatilidade nas bolsas mundiais, o 3ºtrimestre de 2024 terminou com retornos positivos e saudáveis para a generalidade das classes de ativos, com a exceção a ser os mercados acionistas japoneses que se tinham destacado pela positiva em 2023 e nas primeiras semanas de 2024.

 

O arranque do 3º trimestre de 2024 foi pacato, mas a reta final de julho e o arranque de agosto revelar-se-ia uma fase particularmente turbulenta devido a uma combinação de dados económicos mais fracos nos EUA com uma (inesperada) subida das taxas de juro por parte do Banco do Japão, situação magnificada pela reduzida liquidez típica do período de verão, o que fez com que os mercados acionistas registassem perdas avultadas em poucas sessões. Contudo, em setembro, o início há muito esperado do ciclo de redução das taxas de juro de referência por parte da Reserva Federal (FED) e o anúncio de novos estímulos fiscais e monetários por parte das autoridades chinesas, ajudaram a acalmar as preocupações dos investidores e a apoiar uma forte recuperação dos ativos de risco, sobretudo na segunda metade do mês.

 

World Stock Market Returns

Mercados em Alta: 3º Trimestre de 2024 Supera Desafios

 

Nos EUA, alteração das expectativas quanto à trajetória das taxas de referência moldou o trimestre. Desta forma, após a FED manter os juros diretores inalterados em julho, dados desapontantes de criação de emprego fizeram reacender os receios quando a um abrandamento mais pronunciado da economia norte-americana, realidade que suportou o corte da fed funds rate de setembro, em 50 pontos base.

Na zona euro, com a inflação em queda, o Banco Central Europeu (BCE) cortou as taxas de referência, em 25 pontos base. Adicionalmente, dados económicos desapontantes relativamente ao desempenho das economias da zona euro divulgados ao longo do mês de setembro (sobretudo, na Alemanha, motor da economia europeia), conduziram a um aumento da probabilidade de que, na reunião de 17 de outubro, a instituição opte por uma nova redução dos juros diretores, de igual dimensão.

Na China, por sua vez, o governo anunciou um importante pacote de incentivos fiscais e monetários, no sentido de impulsionar a economia e garantir que a meta de crescimento definida pelas autoridades para 2024, de cerca de 5%, seja efetivamente cumprida.

Assim, entre julho e setembro, o S&P 500 valorizou mais de 5%, após ter, em algumas sessões, renovado novos máximos históricos. O Stoxx 600, por sua vez, encerrou o trimestre com um ganho marginalmente acima de 2%, com a underperformance face aos peers a resultar, em grande escala, do mau desempenho do setor automóvel.

Mercados em Alta: 3º Trimestre de 2024 Supera Desafios

 

Na Ásia, destaque para a valorização do principal índice acionista doméstico da China (o CSI 300), com os investidores a acreditarem que o país regressará a uma maior dinâmica económica, em especial no que à procura interna diz respeito. Em contraciclo, o mercado acionista japonês (TOPIX, medido em ienes) encerrou o trimestre a recuar mais de 5%, penalizado pela decisão do Banco do Japão de aumentar a sua taxa de juro diretora em 25 pontos base, o que conduziu a uma apreciação abrupta do iene japonês face ao dólar, com consequente reversão de posições de carry trade.

Na componente de dívida, a clara alteração de postura por parte dos principias bancos centrais, contribuiu não só para uma queda significativa dos rendimentos dos títulos do tesouro, mas também para uma alteração na inclinação da curva de rendimentos entre os prazos dos 2 aos 10 anos. Tal resultou de uma descida muito significativa das taxas a 2 anos, que acompanharam as perspetivas de uma política de taxas de juro mais baixas.

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Em termos cambiais, a mudança de atitude por parte da FED, pressionou o dólar norte-americano face às principais divisas mundiais, com o par EUR /USD a transacionar, ao longo do trimestre, um pouco acima dos $1,12. Por fim, o compósito de matérias-primas (medido em euros) recuou mais de 4%, penalizado, sobretudo, pelo desempenho do crude (-12.8%), que entre julho e setembro transacionou abaixo $65 / barril, o valor mais baixo desde dezembro de 2023.

Por fim, uma nota bem positiva para o desempenho do ouro, que alcançou sucessivos máximos históricos, beneficiando de uma elevada procura por parte de investidores (e presumivelmente Bancos Centrais). O recuo do dólar e as expetativas de mais corte nas taxas de referência ajudaram a esta evolução, levando o metal precioso a uma subida de 13%, para valores próximos dos $2635/onça.