O ano começou de forma bastante positiva para os mercados financeiros, com ganhos transversais à generalidade das classes de ativos. Destacou-se a força dos mercados acionistas chineses e europeus, com o Stoxx 600 a ter o melhor mês desde novembro de 2023. Há evidências da segunda maior rotação de fluxos de capital em 25 anos em favor da Europa. As matérias-primas tiveram um mês de forte valorização, com o ouro a renovar novos máximos históricos, já acima dos $2800 por onça.
Janeiro foi marcado pela tomada de posse de Donald Trump como 47º Presidente dos EUA. Os mercados estiveram atentos e reativos ao anúncio das primeiras medidas da nova Administração, tendo registado com agrado a ausência, para já, de novas tarifas.
O Banco Central Europeu cortou as taxas de referência em 25 pontos base e deu a entender que poderia repetir a decisão mais vezes em 2025. Em sentido contrário, o Banco do Japão subiu taxas, também em 25 pontos base. A FED manteve os juros de referência. Todas as decisões foram ao encontro do esperado.
O dólar esteve forte na primeira metade de janeiro e chegou a níveis não vistos há mais de dois anos face a várias das principais moedas, tendo corrigido a seguir. O mercado de criptoativos voltou a ter um mês positivo. A bitcoin atingiu um novo máximo histórico ao cotar acima de 109 mil dólares.
No mercado obrigacionista, a FED manteve as taxas de juro inalteradas, enquanto o BCE prosseguiu com cortes, refletindo as diferenças no crescimento económico dos EUA e da Zona Euro. Apesar disso, as taxas de juro soberanas subiram, levando a um fraco desempenho destes títulos em janeiro. Já a dívida corporativa beneficiou de prémios de risco baixos, mantendo um bom comportamento. A dívida dos mercados emergentes foi o segmento mais forte, especialmente a denominada em moeda local, apesar da incerteza gerada pelas tarifas anunciadas por Donald Trump.
Os mercados acionistas registaram um desempenho bastante positivo em janeiro, de forma generalizada. Apesar da expectativa de que um novo mandato de Donald Trump possa trazer a imposição de novas tarifas, a ausência de medidas imediatas foi bem recebida pelos investidores. O foco manteve-se nos possíveis efeitos positivos de futuros cortes de impostos e pacotes de desregulamentação. A nível geográfico, duas regiões destacaram-se com performances significativamente superiores: a China e a Europa. As ações chinesas beneficiaram do aumento da probabilidade de um acordo comercial com os EUA, bem como do impulso gerado pela apresentação de novas soluções tecnológicas no campo da Inteligência Artificial. Já as ações europeias reagiram positivamente à realocação de ativos por parte de grandes investidores institucionais, que anteriormente estavam materialmente sub-expostos à região.
Janeiro foi um mês positivo para as matérias-primas, com o ouro a destacar-se ao atingir novos máximos históricos, impulsionado pela incerteza em torno das políticas de Trump. O petróleo subiu 1% devido a novas sanções à Rússia, enquanto o cobre valorizou 4%, beneficiando do fortalecimento do dólar e do otimismo quanto ao consumo. Por outro lado, o gás natural caiu 16% nos EUA, pressionado pela elevada produção e perspetivas de menor consumo. Os produtos agrícolas também registaram ganhos, favorecidos por condições meteorológicas adversas em grandes exportadores de cereais.
O dólar manteve-se forte na primeira metade de janeiro, atingindo um máximo de 26 meses face ao euro, antes de recuar ligeiramente devido a expectativas de política monetária do BCE e da FED para 2025 e à ausência de novas tarifas de Trump. O iene teve um mês volátil, mas positivo, beneficiando da subida das taxas de juro pelo Banco do Japão e da possibilidade de novos aumentos este ano. Já a libra registou perdas ligeiras face ao euro, refletindo a fraqueza da economia britânica, expectativas de cortes de juros e dúvidas sobre a solidez fiscal do Reino Unido.
Conclusão
No geral, janeiro confirmou um cenário de otimismo nos mercados, impulsionado pela ausência imediata de novas tarifas nos EUA e pela expectativa de políticas económicas favoráveis. Apesar de algumas incertezas, o mês ficou marcado por uma valorização significativa dos ativos financeiros, reforçando a confiança dos investidores para o resto do ano.