A semana passada foi positiva para a generalidade dos ativos, destacando-se a recuperação das bolsas a nível mundial. Apesar de se continuar a temer uma desaceleração económica a nível global causada pela implementação de tarifas alfandegárias, há alguns sinais de que a Casa Branca estará a tentar desanuviar a guerra comercial.
No início da semana, os mercados reagiram de forma negativa às críticas de Donald Trump a Jerome Powell, levantando mesmo a hipótese de despedir o Presidente da FED e assim fazer perigar a independência da Reserva Federal dos EUA. Posteriormente, Trump afastou essa possibilidade, o que ajudou à recuperação das bolsas.
A cotação do ouro atingiu novos máximos históricos na terça-feira, chegando aos $3500/onça, beneficiando do cenário de incerteza e de algumas dúvidas em relação ao papel futuro do dólar no sistema financeiro internacional, tendo corrigido depois ao longo da semana. O dólar começou mal a semana, com o Eur/Usd a cotar em máximos de mais de 3 anos ($1,1573), recuperando nos dias que se seguiram.
O FMI reviu em baixa as suas previsões de crescimento da economia global em 2025 de 3,3% para 2,8%. Para 2026, o FMI prevê que o PIB global cresça 3,0%. Destaca-se a revisão em baixa de 0,9 pontos percentuais para o crescimento dos EUA, de 2,7% para 1,8% este ano e prevê-se apenas +1,7% em 2026. Naturalmente, o protecionismo é apontado pelo FMI como um risco para o crescimento económico global.
Classes de Ativos:
Obrigações:
Apesar da volatilidade ter continuado bastante presente, o mercado obrigacionista voltou a registar uma performance positiva nesta semana. Os prémios de risco corporativos continuaram a aliviar dos máximos recentes e o facto de se percepcionar uma postura mais conciliatória por parte da Administração Trump acabou por funcionar como catalisador para o regresso dos investidores às compras de obrigações. Este contexto de mercado acabou por beneficiar sobretudo a dívida emergente, que liderou as recuperações nesta classe de ativos esta semana.
Mercados Acionistas
A semana foi positiva para a generalidade dos mercados acionistas globais. O aparente recuo da Administração Trump nas negociações com a China, bem como os avanços nas conversações com outros parceiros comerciais, funcionaram como catalisadores. Este rally surge a partir de níveis de pessimismo extremo, sobretudo entre investidores profissionais, o que reforça a sua relevância técnica. Em termos geográficos, os principais destaques vão para os EUA e Japão. Em termos setoriais, as tecnológicas destacaram-se como as principais outperformers da semana.
Commodities:
O índice de commodities fechou a semana com perdas ligeiras. Depois de atingir novos máximos, o ouro recuou num movimento que pode ser considerado como típico de correção, tendo em conta a forte subida registada nas últimas semanas. Os preços do gás natural dos EUA desceram mais de 10% dada a subida de stocks superior ao esperado e temperaturas mais altas. O petróleo também recuou, com sinais de desentendimento dentro da OPEP e receios de desaceleração económica. As agrícolas subiram com fraqueza do dólar a dar maior competitividade ao produto exportado pelos EUA.
Forex
O dólar começou a semana a prolongar as perdas das semanas anteriores. Na segunda-feira, o Eur/Usd atingiu níveis não vistos desde novembro de 2021, cotando a $1,1573, com o mercado a mostrar desagrado com as declarações de Donald Trump acerca de Jerome Powell. Trump corrigiu as afirmações, o que permitiu ao dólar recuperar em sintonia com as bolsas. O yuan chinês tem-se mantido relativamente estável face ao dólar, o que teve como consequência que a moeda chinesa se encontra agora em zona de mínimos de mais de 10 anos em relação ao euro.
Conclusão:
A semana terminou com um tom positivo nos mercados, refletindo sinais de alívio nas tensões comerciais e alguma estabilização política. Apesar dos riscos persistentes, os investidores mostraram-se mais confiantes, favorecendo uma recuperação generalizada dos ativos.