As eleições nos Estados Unidos dominaram as atenções durante a última semana, que ficou também marcada pelas reuniões de política monetária do Banco de Inglaterra e da Reserva Federal norte-americana. Esse conjunto de fatores gerou reações diversas nos mercados, fazendo com que alguns ativos alcançassem novos máximos, enquanto outros sofressem pressões devido às incertezas políticas e económicas.
Efeito Trump: Ações e Bitcoin em Alta, Europa em Alerta
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A vitória de Donald Trump foi ao encontro do que já eram as expectativas do mercado nas últimas semanas. A clareza do resultado e a maioria do Partido Republicano no Congresso permitiram aos índices de ações norte-americanas e à bitcoin, atingirem novos máximos históricos. As bolsas europeias não beneficiaram desse efeito, devido à perceção de que as medidas a implementar por Trump possam prejudicar a economia do velho continente. As taxas de juro de longo prazo do dólar subiram, com expectativa de inflação mais alta e de mais endividamento público. Também neste caso o comportamento dos mercados europeus foi o inverso.
Tanto a FED como o Banco de Inglaterra cortaram as taxas de referência, como era esperado. O Presidente da Reserva Federal dos EUA não se comprometeu com decisões futuras, que estarão dependentes dos dados económicos a divulgar. Vários analistas consideram que a independência da FED poderá ser colocada em causa por Donald Trump.
O dólar foi um dos vencedores da semana, beneficiando das expectativas de taxas de juro mais altas a médio e longo prazo. O Eur/Usd chegou a cotar a $1,0681, níveis que não eram vistos desde o final de junho. O Dollar Index também atingiu máximos de 4 meses.
Classe de Ativos:
Obrigações
No rescaldo da eleição presidencial norte americana e da recente vaga de reuniões de Bancos Centrais, as taxas de juro interromperam as subidas das últimas sessões e registaram um ligeiro alívio na semana. Os prémios de risco mantiveram-se próximos dos mínimos do ciclo e ajudaram a suportar a dívida corporativa, impulsionada por um sentimento positivo por parte dos investidores. A dívida emergente liderou estas recuperações, apesar da força do dólar relativamente às restantes moedas.
Mercados Acionistas
A semana foi claramente positiva para a generalidade dos mercados acionistas, impulsionada, em grande parte, pela resolução rápida e sem conflitos das eleições nos EUA. A vitória de Donald Trump dissipou a incerteza política, e a sua agenda – focada em cortes de impostos, imposição de tarifas e desregulação – favoreceu de imediato as empresas dos EUA, especialmente as de menor dimensão. No plano monetário, a Reserva Federal deu continuidade à vaga risk on ao promover uma nova redução de 25 pontos base nas taxas de juro.
Commodities
O índice de commodities registou volatilidade, mas sem grande direção. O ouro iniciou uma correção, tendo recuado cerca de 2%, com menores perspetivas de cortes de taxas nos EUA. Observou-se alguma estabilização nos preços do gás natural dos EUA. O petróleo subiu no início da semana com o anúncio de adiamento de reposição da produção por parte da Arábia Saudita, cedendo os ganhos na sexta-feira. O cobre perdeu cerca de 1% com expetativa de atraso na transição energética nos EUA. Os produtos agrícolas subiram com antecipação de importações aos EUA, temendo-se retaliação em 2025 caso as tarifas alfandegárias venham a ser aumentadas.
Forex
O dólar beneficiou da vitória de Donald Trump, embora a maior parte do movimento de alta tivesse já ocorrido durante o mês de outubro, em antecipação do resultado que acabou por ocorrer. A moeda beneficiou ao alargamento de spreads de taxas de juro face a outras divisas, tendo atingido máximos de quatro meses em relação ao euro e no Dollar Index. Depois de ter recuado na semana anterior em reação à apresentação do orçamento do Estado do Reino Unido, a libra valorizou para perto de máximos do ano face ao euro devido à crescente perceção de que o Banco de Inglaterra será bastante mais comedido do que o BCE em termos de cortes nas taxas de juro.
Conclusão
A vitória de Donald Trump, embora esperada, trouxe consigo uma série de expectativas e desafios, refletindo-se em novos recordes para as ações norte-americanas e a Bitcoin. Com a volatilidade ainda presente, a trajetória futura dos mercados continuará a depender das ações políticas e das decisões económicas dos próximos meses, o que exige uma vigilância constante para avaliar os potenciais impactos nas diversas classes de ativos.