A última semana foi marcada por movimentações significativas nos mercados financeiros, refletindo um ambiente de correção generalizada. Este cenário não decorreu de indicadores económicos, que mostraram alguma resiliência, mas antes das decisões e discursos de vários bancos centrais.
Foi uma semana de correções importantes na generalidade dos mercados financeiros. Este comportamento negativo não foi despoletado pela divulgação de dados económicos, que até mostraram resiliência em várias dimensões, nomeadamente do consumo EUA.
As reuniões de vários bancos centrais captaram a atenção do mercado. O Banco de Inglaterra, o Banco do Japão e o Banco Central da Noruega mantiveram as taxas de juro inalteradas, o que era esperado. Também sem surpresa, o Banco Central da Suécia e a Reserva Federal dos EUA cortaram as taxas de referência, mas deram a entender que tão cedo não o voltarão a fazer.
A reação dos mercados à decisão da FED, e sobretudo ao seu discurso, foi negativa. A perceção de taxas mais altas em 2025 do que era esperado há algumas semanas foi um dos catalisadores da correção generalizada nos mercados financeiros.
O dólar voltou a valorizar, tendo o "Dollar Index" atingido níveis que não eram vistos há 25 meses.
Classe de Ativos:
Obrigações
As obrigações voltaram a corrigir, sobretudo após a reunião da FED. Os mercados vão descontando uma menor necessidade de futuros cortes de taxa de juro por parte dos bancos centrais de economias desenvolvidas. A dívida soberana voltou a liderar as correções, numa semana em que os prémios de risco corporativos subiram, mas continuam próximos dos mínimos recentes. As remunerações mais altas dos ativos em dólares castigaram a dívida emergente, em particular a denominada em moeda forte.
Mercados Acionistas
A última semana foi marcada pelo regresso da aversão ao risco, sobretudo em reação à política monetária norte-americana. As declarações do Presidente da FED, Jerome Powell, ao destacar cautela em futuros cortes de juros num contexto de inflação persistente, acentuaram as incertezas dos investidores. Os setores cíclicos, que são mais expostos ao ritmo económico, mantiveram-se fracos, e até as gigantes tecnológicas norte-americanas, que têm sido as grandes estrelas de 2024, não escaparam à pressão vendedora.
Commodities
O índice de commodities fechou a semana com perdas ligeiras. O ouro registou uma perda de quase 1%, pressionado pela força do dólar e pelos comentários da Reserva Federal. Os preços do gás natural dos EUA subiram mais de 10%, reagindo a menor produção e aumento das exportações. Já o petróleo baixou cerca de 3% devido a preocupações sobre evolução do consumo. O cobre perdeu mais de 1,5%, influenciado pela subida do dólar e pela ausência de notícias positivas da China. As agrícolas tiveram perdas de quase 2%, com a soja a baixar a mínimos de quatro anos, na iminência da entrada de uma produção recorde no Brasil.
Forex
O dólar permaneceu forte face à generalidade das divisas, movimento que se acentuou após a reunião da FED, perante a perspetiva de menos cortes de taxas de juro em 2025. O "Dollar Index" atingiu um máximo de 25 meses. A libra reagiu em baixa à decisão de manutenção de taxas por parte do Banco de Inglaterra já que houve membros a defenderem um corte. O real brasileiro caiu para mínimos históricos face ao dólar. Além do movimento global de subida do dólar, o real está a recuar devido a dúvidas quanto ao comprometimento fiscal do governo e à animosidade entre a presidência e o Banco Central.
Conclusão