Na semana passada, os mercados financeiros mostraram um comportamento desigual, com diferentes classes de ativos e segmentos afetados por dinâmicas variadas. O S&P 500 atingiu novos recordes, enquanto o dólar se valorizou e o mercado de obrigações ajustou suas expectativas. As tensões geopolíticas e as incertezas económicas continuam a influenciar o comportamento dos mercados financeiros e devem permanecer como fatores determinantes nas próximas semanas. Neste artigo, além de providenciar uma visão sobre os mercados macroeconómicos, vamos analisar os principais destaques em várias categorias de ativos (incluindo ações, obrigações, commodities e forex).

Mercados Macroeconómicos

EUA

 

Número de pessoas com múltiplos empregos nos EUA atingiu 8,66 milhões em setembro (novo recorde) | Fonte: St Louis FED

Comportamento dos Mercados Financeiros: Destaques da Semana

 

A inflação nos EUA subiu ligeiramente mais do que o esperado em setembro, mas o valor homólogo foi o menor em mais de três anos e meio. Nos 12 meses até setembro, o IPC subiu 2,4%, um valor que compara com os 2,3% previsto e com a leitura de 2,5% em agosto.

 

Zona Euro

Em agosto, as vendas a retalho aumentaram 0,8%, em termos homólogos, aquém do crescimento esperado de 1% e após -0,1% registados no mês anterior. Em cadeia, as vendas a retalho cresceram 0,2%, face à estagnação registada em julho.

 

Alemanha

Em agosto, a produção industrial cresceu 2,9%, em cadeia, contrariando a queda de 2,4% revista em baixa para -2,9% referente a julho. O crescimento foi impulsionado por uma maior produção por parte da indústria automóvel. A comparação menos volátil a 3 meses mostrou que a produção industrial foi 1,3% mais baixa no período de junho a agosto do que nos três meses anteriores.

 

Portugal

Comportamento dos Mercados Financeiros: Destaques da Semana

Foi uma semana positiva para o PSI (+1,64%). Os principais contribuidores da semana foram o BCP (+9,01%), que atingiu um novo máximo de maio de 2016 e a Jerónimo Martins (+2,95%), com a Altri (-1,72%) e a EDP Renováveis (-1,58%) a liderarem a lista de detratores.

A curva de rendimentos da dívida soberana portuguesa subiu ligeiramente, em linha com o resto do mercado. O spread face à Alemanha desceu mais cerca de 5 pontos base, para 50 pb.

O Índice de Volume de Negócios na Indústria registou uma variação homóloga de -1,0% em agosto (diminuição de 1,9% no mês anterior). Excluindo o agrupamento Energia, as vendas na indústria aumentaram 0,3% (-1,9% em julho). O emprego apresentou uma redução homóloga de 0,2% (-0,1% em julho), as remunerações subiram 6,1% (7,1% no mês anterior) e as horas trabalhadas passaram de um crescimento de 0,2% em julho para 0,9% no mês em análise.

 

Classe de Ativos:

Comportamento dos Mercados Financeiros: Destaques da Semana

Mercados Acionistas

No mercado acionista, o destaque vai para o novo máximo histórico do índice norte-americano mais representativo, o S&P 500, que se deve a sinais de força na economia dos EUA. Em contrapartida, os mercados emergentes recuaram de forma significativa, especialmente devido a uma correção no mercado chinês. Os investidores estão à espera de mais detalhes sobre os planos de estímulo governamentais, o que contribui para a incerteza.

A semana foi positiva para a maioria dos mercados acionistas, com o setor tecnológico dos EUA, em especial a Nvidia, apresentando um desempenho notável. No entanto, a incerteza sobre a dimensão dos estímulos fiscais e monetários na China levou a uma pausa na rotação para os setores cíclicos, refletindo revisões nas expectativas sobre o calendário e a magnitude dos cortes nas taxas de juro por parte da FED.

Obrigações

O mercado de obrigações registou um desempenho ligeiramente negativo, impulsionado pelas recentes declarações da Reserva Federal dos EUA, que indicou que os próximos cortes nas taxas de juro provavelmente serão menores do que os 50 pontos base anteriormente esperados. Por outro lado, o Banco Central Europeu (BCE) sinalizou um possível corte nas taxas de referência na reunião agendada para a próxima quinta-feira.

As taxas de juro mais altas globalmente impactaram negativamente o segmento obrigacionista, exceto pela dívida high yield, que beneficiou de um aumento no apetite por risco e da redução dos prémios de risco corporativos. Este aumento nas taxas também pressionou os mercados emergentes, tornando-os menos atrativos em comparação com ativos denominados em moedas fortes.

Commodities

O mercado de commodities continuou a ser dominado pela situação no Médio Oriente e pela avaliação do impacto das medidas de estímulo na China. O preço do petróleo (crude) registou ganhos marginais, sustentado pela possibilidade de um ataque de Israel ao Irão. Em contrapartida, o cobre caiu 2% devido ao aumento dos estoques na China e à evidência de pouca atividade comercial.

Os preços do gás natural recuaram mais de 7% nos EUA, após um aumento de stocks acima do esperado e previsões de baixa de consumo. O ouro permaneceu praticamente inalterado, mas ainda perto de seus máximos históricos. As commodities agrícolas enfrentaram quedas, pressionadas pelos avanços nas colheitas nos EUA e pela melhoria das condições climáticas no Brasil.

Forex

O dólar teve uma semana bastante positiva, beneficiando do ajuste nas expetativas relacionadas às ações dos bancos centrais. O mercado já afastou a possibilidade de um corte de 50 pontos base pela FED na reunião marcada para 7 de novembro, mas está agora a considerar um corte de 25 pontos por parte do BCE na próxima quinta-feira, o que, em conjunto, elevou o diferencial de taxas entre as duas moedas.

Ficou claro que o par Eur/USD foi rejeitado próximo da resistência a $1,12, tendo cotado em mínimos de dois meses, marginalmente abaixo de $1,09. O yuan chinês também corrigiu suas recentes altas, refletindo a volatilidade contínua no mercado.