A globalização não tem fim à vista. As crianças no Japão, Alemanha e EUA desfrutam dos mesmos jogos de consola, enquanto que empresários russos e australianos comem massas italianas e teriyaki japonês. Nos mercados financeiros, este movimento replica-se com a mesma intensidade.

De um modo geral, acaba por ser complexo encontrar um fundo de investimento que, através das suas alocações, não esteja exposto aos mercados globais. Cada vez mais, as empresas vendem os seus produtos em diversas geografias. Ou seja, a região onde estas estão sediadas não é sinónimo de exclusiva fonte de receita.

 

De acordo com a Morningstar, empresa independente de análise de investimentos, cerca de 60% das receitas das empresas pertencentes ao índice americano S&P 500 são provenientes dos Estados Unidos da América (E.U.A). Como resultado, um investidor americano detentor do SPDR® S&P 500 ETF (SPY) tem uma exposição de 40% aos mercados internacionais. Sem surpresa, este comportamento é evidenciado noutros países.

 

No Japão, através do índice Nikkei 400, e na Austrália, por intermédio do índice S&P/ASX 200, 59% e 58% das receitas, respetivamente, são oriundas do mercado interno. Já na Alemanha, representada pelo DAX 30, a percentagem de receitas geradas internamente correspondem a apenas 20%!

Por outras palavras, 80% das poupanças de um investidor alemão no índice está dependente da evolução da economia de outros países. A desagregação destas componentes é fundamental para se perceber a real exposição dos clientes, especialmente quando um dos fatores de posicionamento da Golden está diretamente relacionado com este indicador.

 

Adicionalmente, também nas moedas existe uma tendência para o foco na moeda do país onde uma empresa está sediada ou da bolsa onde está cotada. A título de exemplo, suponhamos um fundo em que 60% dos seus ativos está investido em empresas sediadas na Zona Euro.

Fará sentido questionar o impacto que movimentações do euro face às outras divisas terão no retorno do fundo?

Se pensarmos bem, a resposta não é tão direta como se possa pensar. A exposição a determinadas moedas não é delineado pelo local onde está a sede ou em que moeda está cotado em bolsa, mas sim pela sua componente principal: as receitas.

A Philip Morris, empresa multinacional produtora de tabaco e seus derivados, está sediada nos E.U.A e cotada em Nova Iorque, porém, não tem qualquer faturação nos E.U.A.

A Nestlé, empresa multinacional no setor de alimentos e bebidas, está sediada na Suiça, mas só 1% das receitas são oriundas desse país, isto é, praticamente nenhuma exposição ao franco suíço, apesar de estar cotado nessa mesma moeda. Aliás, no caso da Nestlé, a exposição à rupia Indiana já é relativamente elevada.

 

 

Caso Ferrari

Na tabela abaixo, mostramos mais um exemplo: a Ferrari. Como se observa no relatório anual de 2017, a empresa apenas vendia 10% dos seus automóveis no Reino Unido. Ora, uma exposição moderada à libra esterlina. O peso total da Alemanha, Itália e França, já denota uma exposição ao euro superior a 17% (excluindo outros países da zona euro em “Other EMEA”). Se prosseguíssemos com os cálculos, chegaríamos à conclusão de que o número de divisas que afetam a performance é tão elevada que a variação de umas acaba por anular a variação das outras, criando-se, desta maneira, uma “proteção natural”.

 

enquanto investidor, sabe qual o seu verdadeiro nivel de exposição?

 

Por fim, quer seja na componente de receitas, quer seja na componente do mercado cambial, é necessário uma análise cuidada às operações das empresas para se entender efetivamente quais os verdadeiros riscos do negócio. A incorporação de todos estes fatores é aquilo que deve ser analisado nas tomadas de decisão e contribuir assim para um verdadeiro nível de diversificação e, consequentemente, na definição do correto grau de exposição presente nas carteiras dos nossos clientes.