Foi uma semana de elevada volatilidade nos mercados financeiros, derivada do sentimento de incerteza relacionada com a guerra comercial entre os EUA e a China. Apesar de ter entrado em “bear market”, o S&P 500 ressaltou no seu maior ganho percentual num dia desde 2008, com os mercados acionistas americanos a encerrarem a semana positivos, algo que não se repercutiu pelas restantes bolsas mundiais. O segmento obrigacionista foi penalizado por rumores de vendas significativas no mercado asiático.
A guerra comercial entre os EUA e a China estendeu-se ao longo da semana, com cada um dos países a responder com ameaças e represálias às retaliações do outro, sem um acordo à vista. Donald Trump acabou por suspender temporariamente as tarifas para a maioria das restantes economias, dando a entender que a agitação nos mercados tinha influenciado a sua decisão. A União Europeia mostrou uma maior abertura a negociações, acabando por também suspender a retaliação que tinha anunciado.
As minutas da Reserva Federal reforçaram a postura de cautela face a possíveis trade-offs entre inflação e crescimento dos EUA, num contexto de elevada incerteza. As expectativas quanto à política monetária dos EUA permaneceram voláteis ao longo da semana. O Banco do Japão adotou uma postura prudente face às tarifas, o que reduziu significativamente as expectativas de mercado quanto a novas subidas de taxas em 2025.
A queda no sentimento dos investidores e falta de confiança em Trump penalizou o dólar em múltiplas frentes, acabando por levar o Eur/Usd a atingir níveis não vistos desde fevereiro de 2022, acima dos $1,14. A instabilidade também afetou as matérias-primas, com o petróleo a renovar mínimos de 2021 e o ouro em máximos históricos.
Classes de Ativos:
Obrigações:
Semana de fortes oscilações com os investidores a reagirem aos desenvolvimentos na escalada da atual guerra comercial. Um movimento inicial clássico de “flight to quality”, foi rapidamente revertido e assistimos a uma subida das taxas de juro, sobretudo nas maturidades mais longas. Os prémios de risco corporativos continuaram a alargar e testam agora níveis de finais de 2023. No olho do furacão e com o USD a perder força contra a generalidade das moedas, a dívida emergente volta a ser castigada, em particular a denominada em moeda local, que lidera as perdas semanais no complexo obrigacionista.
Mercados Acionistas
Foi uma semana negativa para a maioria dos mercados acionistas globais. Os níveis de volatilidade foram extremamente elevados. Os mercados continuam reféns da Guerra Comercial encetada por Donald Trump. Cada nova notícia relacionada com o conflito, especialmente entre os EUA e a China, tem provocado reações violentas. Acreditamos que o verdadeiro catalisador para encontrar um suporte sólido nos mercados depende da Fed e de outros bancos centrais. Neste contexto, os dados de inflação dos EUA divulgados esta semana, abaixo do esperado, aumentam a probabilidade de a política monetária socorrer os mercados.
Commodities:
O índice de commodities fechou a semana com uma queda próxima de 2%. O ouro beneficiou de um dólar muito fraco e da atual guerra comercial para ganhar mais de 6% e estabelecer novos máximos históricos. Já os preços do gás natural dos EUA, perderam mais de 9% com uma redução do consumo e a produção elevada. O petróleo perdeu mais de 2% com receios de que a guerra comercial resulte numa redução do consumo de produtos petrolíferos. O cobre subiu 4% e as agrícolas ganharam mais de 3%, beneficiando de um dólar mais fraco.
Forex
A falta de confiança em Trump e na economia dos EUA conduziu a um declínio significativo do dólar que abalou os mercados cambiais, renovando mínimos de abril de 2022 face a um cabaz de moedas. Naturalmente, o Eur/Usd ganhou terreno, ao ponto de registar máximos de fevereiro de 2022 nos $1,1473 no final da semana. Face aos emergentes, o dólar permaneceu forte, em comportamento típico de aversão ao risco. É de mencionar que o Usd/Cny subiu para máximos de finais de 2007, com a China a controlar a queda posterior.
Conclusão:
A semana foi marcada por elevada volatilidade e incerteza nos mercados globais, impulsionada pela escalada da guerra comercial entre os EUA e a China. Apesar do ambiente adverso, o S&P 500 conseguiu recuperar parte das perdas. A evolução dos próximos dias dependerá fortemente das ações dos bancos centrais e de desenvolvimentos geopolíticos, mantendo os investidores atentos e cautelosos.