Na sessão de quarta-feira, as ações do Credit Suisse renovaram mínimos históricos. Para além do ambiente negativo para a banca provocado pela falência do americano SVB, o colapso nas ações aconteceu após o maior acionista do Credit Suisse, a Saudi National Bank, ter afastado a possibilidade de reforçar posição no banco, devido a motivos regulatórios e estatutários.
De notar que o Credit Suisse atravessa, há já algum tempo, uma fase conturbada, uma vez que está envolvido em diversos processos jurídicos, tem sofrido uma diminuição dos ativos sob gestão e apresenta uma rentabilidade bastante menor do que a dos seus pares. Recentemente, as autoridades americanas solicitaram mais informações sobre os relatórios financeiros dos últimos anos, o que obrigou o banco a adiar a publicação do Relatório Anual relativo a 2022. Na sequência deste pedido do regulador dos EUA, o banco reconheceu que encontrou diversas “debilidades” no reporte das suas contas e algumas falhas no processo de controlos internos.
Não obstante o recente aumento de capital levado a cabo pelo banco, diversos investidores acreditam ser necessários novos reforços. Neste contexto delicado, as declarações do Banco Nacional Saudita de que possivelmente não participará em futuros aumentos de capital, reforçaram o pessimismo dos investidores quanto à situação de liquidez e solvência deste banco suíço.
Após o fecho da sessão de quarta-feira, o Banco Central da Suíça (SNB) e o supervisor local FINMA anunciaram que o banco reúne os requisitos de capital e liquidez impostos aos bancos com importância sistémica. Adicionalmente, o SNB informou que está disposto a disponibilizar liquidez ao Credit Suisse, se tal for necessário. Em comunicado emitido durante a madrugada, o Credit Suisse anunciou já a opção de recorrer a linhas de financiamento do Banco Nacional Suíço (SNB) para garantir, de forma preventiva, liquidez. A instituição indicou ainda que vai recomprar dívida sénior até um montante de aproximadamente 3 mil milhões de euros.
Ainda assim, a incerteza em torno do banco suíço permanece elevada: os Credit Defaut Swaps descontam uma probabilidade perto de 50% de o banco não honrar a sua dívida sénior. Nesse sentido, consideramos prudente que investidores que detenham liquidez elevado junto do Credit Suisse, apliquem essas disponibilidades em bilhetes do tesouro de governos de bom rating ou outras alternativas de curto prazo adequadas, minimizando o seu risco ao balanço do banco, até que esta fase mais conturbada seja ultrapassada.
O Credit Suisse é 45º maior banco do mundo, o 15º maior da europa e o 2º maior suíço. É um banco com importância sistémica e além de estar presente em todo o negócio bancário, é contraparte de muitas operações de derivados e é um emitente de produtos estruturados.