Nos primeiros dias de junho, o Banco Mundial atualizou as suas previsões de crescimento para os principais blocos económicos mundiais para 2021 e 2022, e, apesar das notícias serem muito positivas uma vez que são melhoradas as perspetivas apresentadas em janeiro para quase todas as regiões e países, a instituição deixou um alerta… o crescimento será muito desigual e os países com rendimentos mais baixos, que têm tido muita dificuldade em iniciar a campanha de vacinação contra a Covid-19 por falta de recursos ficarão, mais uma vez, para trás na recuperação!

 

A economia global encontra-se agora em pleno processo de recuperação. De acordo com o Banco Mundial, em 2021, a economia mundial deverá crescer 5,6%, valor acima dos 4% previstos em janeiro. Tal como é possível observar no gráfico, em comparação com outras recessões ocorridas desde a Segunda Guerra Mundial, esta é a recuperação mais rápida e robusta.

Sources: Bolt et al. (2018); Kose, Sugawara, and Terrones (2020); World Bank.

 

Contudo, a recuperação está longe de ser equilibrada! O crescimento será (ainda mais) desigual, com EUA e China a, individualmente, serem os principais contribuidores para a retoma mundial, as restantes economias desenvolvidas (nomeadamente a Zona Euro) a dar também um importante contributo,  enquanto os mercados emergentes apresentam uma expansão mais débil tendo em conta a contração sofrida por estas economias em 2020! Espera-se que os Estados Unidos e a China contribuam cada um com cerca de 25% do crescimento global em 2021! (ver gráfico)

 

Sources: World Bank.

 

Espera-se que 90% das economias avançadas retomem em 2022 o rendimento per capita que tinham antes da pandemia, mas só um terço dos mercados emergentes vão conseguir fazê-lo no próximo ano, o que se deve, em grande parte, ao acesso desigual a vacinas contra a covid-19!

 

A economia norte-americana, impulsionada por um grande apoio fiscal e um processo de vacinação eficiente, deverá registar este ano uma expansão de 6,8% (ritmo mais rápido desde 1984!), após uma contração de 3,5% no ano passado. Já para a China é esperado um crescimento de 8,5%, após um abrandamento do crescimento para 2,3% em 2020. Note-se que a China foi o único país que não contraiu em 2020! Por fim, indicar que a Zona Euro deverá crescer 4,2%, face ao recuo de 6,6% no ano anterior.

 

Mas as perspetivas para as economias emergentes não são então tão positivas. Embora o crescimento entre os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento deva acelerar para 6% este ano, ajudado pelo aumento da procura externa e preços mais altos das commodities, se excluirmos a China, o crescimento dos restantes emergentes deverá ser de apenas 4,4% e profundamente desigual, o que implicará que muitas economias não regressarão antes de 2024 aos níveis de atividade que registavam em 2019 !

 

 

Sources: World Bank.

 

O Banco Mundial destaca ainda as consequências de médio prazo particularmente nefastas da pandemia para estas economias: a erosão de competências; as perdas (irrecuperáveis) de postos de trabalho especializado e escolaridade; a fuga de capitais e queda acentuada no investimento estrangeiro; os crescimentos das vulnerabilidades financeiras e do endividamento que implicará encargos com dívida muito elevados para as gerações futuras, etc.

Este cenário é uma ameaça também para as economias desenvolvidas pois a eternização da crise nos países mais pobres conduzirá à instabilidade e a fenómenos como a emigração em massa, pelo que o Banco Mundial incita os responsáveis políticos dos países desenvolvidos a tomar medidas de apoio às economias subdesenvolvidas / em vias de desenvolvimento.