“The message of the Kaizen strategy is that not a day should go by without some kind of improvement being made somewhere in the company” Masaaki Imai
Kaizen, palavra de origem nipónica, resulta da combinação de 2 outras palavras, Kai (Mudança) e Zen (Bom).
A filosofia Kaizen baseia-se no processo de melhoria contínua e pode ser aplicado à grande maioria dos setores. Melhoria contínua é uma prática utilizada que procura atingir, ininterruptamente, resultados cada vez melhores, tanto a nível de produtos e serviços, como a nível dos seus processos internos.
Olhemos agora para os mercados financeiros, e para os resultados provenientes da adoção da filosofia supracitada.
Exemplo 1: Estudo do preço das ações
Atente-se agora num estudo realizado por Hendricks e Singhal. Este estudo, realizado durante o fim da década de 90, teve a duração de 5 anos e baseia-se na análise de 600 empresas que possuem implementada a filosofia de total quality management (estilo baseado na filosofia Kaizen). Este estudo analisa (entre outras métricas) a performance do preço de cada ação, tendo por base o seu benchmark.
Este estudo conclui que empresas que têm implementada a mentalidade Kaizen, tendem a obter melhores resultados que o seu benchmark. Os autores concluem que este efeito não é necessariamente imediato e que tende a ser acentuado a partir do 3º ano de implementação das filosofias. Este fenómeno, segundo os autores, é justificado pela maior rentabilidade que as empresas com filosofias Kaizen apresenta, face ao respetivo benchmark.
Exemplo 2: Ford
Em 2006, a conhecida empresa americana contrata Alan Mulally para CEO da organização. Mulally, anteriormente vice-presidente da Boeing Company, ficou conhecido por focar atenções na eficiência do processo produtivo e, consequentemente, ajudar a sua organização a recuperar da grande recessão sentida no final dos anos 2000, como veremos de seguida.
Mulally entrou ao serviço em Setembro de 2006, altura em que a cotação da Ford Motor se encontrava nos 8,27 USD por ação e a organização se encontrava numa situação financeira muito débil, estando previsto, nesse ano, um prejuízo de 17 mil milhões USD. Ao implementar a filosofia Kaizen, o administrador da organização focou a sua atenção, logicamente, na redução de custos e melhoria da eficiência dos processos e, sobretudo, na melhoria dos colaboradores já presente na organização.
Durante a crise dos subprime a Ford Motor atingiu o preço mínimo por ação da gestão de Alan Mulally, 1,43 USD. Segundo o gestor, a empresa apoiou-se na mentalidade Kaizen, já implementada, para sobreviver à recessão e recuperar o seu peso no mercado automóvel, registando, em 2011, 18,65 USD por ação, 225% mais que o valor da mesma ação aquando da tomada de posse de Alan Mulally.
No gráfico em cima exposto, é possível observar a performance das ações da Ford em relação ao seu benchmark, Dow Jones U.S. Auto Manufacturers Index.
Podemos ver que no momento da entrada do novo CEO na organização, a mesma encontrava a sua performance 15% a baixo do seu benchmark, tendo por base o início do ano de 2016. Com a entrada da filosofia Kaizen na Ford Motors, este gap foi invertido, sendo que no ponto mínimo de performance do seu benchmark, a organização já se encontrava 4% acima do mesmo. Ao fim de quase 5 anos, no fim de 2010, a Ford Motors já se tinha destacado do resto da competição, apresentado uma variação 100% superior aos mesmos.
Por fim, observemos agora algumas conclusões que se podem destacar na análise realizada. A elaboração e execução de um plano assente nos princípios Kaizen tende a preparar a organização para suportar melhor uma recessão, devido à maior eficiência presente nos processos internos da organização e ao menor desperdício existente. Podemos também destacar o processo do crescimento contínuo do preço das ações da empresa em questão (salvo a atuação de fatores externos à organização), baseado na filosofia de melhoria contínua e resolução de possíveis problemas que surjam durante o decorrer da atividade. Por último, importa destacar que a performance relativa das organizações que implementam filosofia Kaizen, face aos respetivos benchmarks, é acentuada com o decorrer dos anos.
Em suma, a adoção de um plano Kaizen por parte de uma organização pode ser um sinal relevante para um investidor atento aproveitar para, principalmente numa perspetiva de longo prazo, obter retornos acima do benchmark.